Em nosso exame, é crucial avaliar todas as três artérias carótidas, com foco particular nas artérias carótidas comum e interna. Essa ênfase é motivada pelo objetivo principal do exame, que gira em torno da doença cerebrovascular causada por ateroembolização. É importante ter em mente que a artéria carótida externa fornece sangue principalmente às estruturas da face.
Já exploramos anteriormente a onda trifásica, dissecando seus vários componentes ao longo do ciclo cardíaco. É importante lembrar que a onda trifásica se manifesta principalmente nas artérias dos membros superiores e inferiores. Entretanto, quando mudamos nosso foco para a onda carotídea dentro do ciclo cardíaco, ela não é trifásica. Essa singularidade surge da ausência de um componente diastólico com fluxo reverso. Vamos nos aprofundar nas características distintivas da onda carotídea.
Aqui apresento as fases sistólica e diastólica do fluxo da artéria carótida comum. Em azul você pode observar a fase sistólica, enquanto em amarelo você encontrará a fase diastólica. Aninhado entre eles está o que chamamos de nó dicrótico, marcando o fechamento da válvula aórtica. Este nó representa o vale mais profundo ao longo do ciclo cardíaco.
Neste preciso momento em que a válvula aórtica se fecha, normalmente obsrvamos o fluxo reverso durante a fase diastólica no fluxo trifásico. Porém, esse fenômeno não ocorre no fluxo carotídeo e vertebral. A ausência deste fluxo reverso no território cerebral é crucial porque qualquer fluxo reverso poderia levar a uma perda temporária do fluxo sanguíneo cerebral, mesmo que apenas por milissegundos.
É importante notar que o fluxo sistólico é resultado da contração miocárdica, enquanto o fluxo diastólico surge da contração das paredes dos vasos que se expandiram durante a sístole. O músculo nas paredes dos vasos é inerentemente mais fraco, o que explica porque não observamos um pico de velocidade diastólica igual ao pico sistólico.
Nós vamos passar brevemente as imagens de fluxo das artérias carótida comum, interna e externa. E notem como ondas da análise espectral são diferentes.
Observe a velocidade diastólica final, que é de aproximadamente 50 centímetros por segundo. Isto se destaca como uma característica marcante do fluxo carotídeo interno. Uma alta velocidade diastólica final indica baixa resistência ao fluxo sanguíneo distalmente. Vale lembrar que o cérebro é um dos órgãos que mais recebe volume de sangue por unidade de tempo em nosso corpo, sendo a artéria carótida interna a principal artéria desse fluxo.
Notem como a velocidade diastólica final é relativamente baixa. Aqui nós temos um valor muito próximo de 30 cm por segundo, que é inferior aos 50 cm por segundo da artéria carótida interna. Portanto a velocidade diastólica final da carótida externa é mais baixa do que a interna.
Este slide é para deixar bastante claro e de uma forma comparativa o que é um alto volume diastólico, característico da artéria carótida interna, e um baixo volume diastólico que é característico da carótida externa.
Como dissemos vocês conseguem perceber o volume do fluxo através da velocidade diastólica final, e através área da fase diastólica. Notem que ela é menor para a carótida externa, decorrente como dissemos da VDF mais baixa e pelo maior decaimento da velocidade desde o início da fase diastólica.
A artéria carótida externa difere da artéria carótida interna em termos de resistência ao fluxo sanguíneo. Vamos explorar as características que indicam esta alta resistência na análise espectral.
 
Primeiro, vamos falar sobre o formato do pico de velocidade sistólica. Na artéria carótida externa, possui base estreita, bastante diferente da base mais larga observada na artéria carótida interna. A alta resistência ao fluxo sanguíneo faz com que a velocidade diminua rapidamente durante a fase sistólica, tornando a base do pico de velocidade mais estreita. Você pode ver essa diferença na imagem fornecida para comparação.
 
Outro marcador de alta resistência é a presença de um ombro distinto e separado da fase sistólica. Isso cria um vale dicrótico bem definido.
 
Além disso, há um menor volume de fluxo sanguíneo durante o período diastólico. Isso se deve principalmente a uma velocidade diastólica final mais baixa e a uma diminuição mais significativa da velocidade ao longo do período diastólico.
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